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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da Consciência Negra

.....O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de Novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.



.....A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, o Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594).

.....Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.

.....Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.

.....O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura – comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração da atitude de uma branca.

.....A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra.


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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

I Concurso de Poesia de Paraisópolis

Olá a todos do PCP, Parceiros e a toda Comunidade.

.....Acontecerá neste sábado 21 de novembro de 2009 o I Concurso de Poesia de Paraisópolis, organizado pelo Projeto Chance Paraisópolis com alunos do PCP e moradores da comunidade participando.

.....O Evento acontecerá no auditório do CEU Paraisópolis e terá início às 09:00hs com término previsto para as 15:00hs.

.....Haverá, apresentação da CIA TP (Companhia Teatral Paraisópolis), uma apresentação do Projeto Chance Paraisópolis e a apresentação dos Poetas.

I CONCURSO DE POESIAS



TEMA: A NATUREZA

HORÁRIO - DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE  - INTERMEDIADOR 


8 h. 30 min. – 9 h. - Recepção dos convidados  - Maíra e Socorro
9h. – 9 h. 15 min.  - *Chance
............................ - *Concurso de poesias ....... - Misael Silva
9 h. 20 min. – 9 h. 50 min.  - Espetáculo: “A Felicidade”  - Grupo teatral
9 h. 50 min. – 10 h.  - INTERVALO
10 h. – 11h. 30 min. - *LEITURA DE POESIAS - Participantes
11 h. 30 min. – 12h. 30 min. - COQUETEL
***REUNIÃO DO JURI*** 
12 h. 30 min. – 13h. - APRESENTAÇÃO PROJETO CHANCE
13 h. – 13h. 10 min. - Incentivo à projetos sociais - Clovis Alves
13 h. 10 min. – 13h. 15 min. - História: O jovem e a estrela do mar - Carla Alves
13 h. 15 min. – 13h. 30 min. - Depoimentos de universitárias - Angélica e Cosmira
13 h. 30 min. – 13h. 40 min. - ***Filme*** - Eduardo
13 h. 40 min. – 13h. 45 min. - *HOMENAGEM* - Misael Silva
13 h. 45 min. – 14h. 45 - *Apresentação dos 10 melhores Poesias
*Apresentação do Vencedor / Considerações Finais
*Agradecimentos - Misael Silva 

APOIO:

AUTO-ESCOLA COLONIAL
AUTO-ESCOLA TABOÃO
CALISTO E ROBERTA
CASA LOTÉRICA DE PARAISÓPOLIS
DEPÓSITO JOSÉ ROLIM
DESPACHANTE DO OLIVEIRA
DROGARIA DO SILVA
JORNAL CENTRO EM FOCO
JORNAL GAZETA DA REGIÃO
JP NEWS
LOJA CAPRICHO DO BIJU
LOJA DE R$ 1,00
LOTAÇÃO DE PINHEIROS
MARIA TEREZA (URBANIZAÇÃO)
MERCADO RODRIGUES
MERCEARIA CREMEL
MIRA MODAS
ÓTICA MENDONÇA
PADARIA PORTAL DO PADEIRO
PANIFICADORA EMPÓRIO DAS DELÍCIAS
PAPELARIA UNIDOS
RESTAURANTE DO SEVERINO
RESTAURANTE E PIZZARIA EDUARDO
ROBERTA DO SEBRAE
SACOLÃO DA DONA EVA
SALÃO DO WAL E DO CAFÉ
SPAM EMBALAGENS
STUDIO 13
SUPER PIZZA
TONINHO MÓVEIS
VISÃO INFORMÁTICA

“Seja a mudança que você deseja no mundo”. Gandhi
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Colaboradores - Agradecimento Especial:

José Turin
Projeto Somar
Escola da família
Mercado Araújo
Mercado Cavalcante
Adega Carol

Ednalva Portela,  Administração, Anhembi Morumbi.
Cleandra, Enfermagem, FMU.
Carla Alves, Letras, Mackenzie.
Cosmira Bispo, Ciências Contábeis, Joana D'Arc.
Angélica Santiago, Educação Física, Anhembi Morumbi.
Eduardo, Administração de Redes de Computadores, Unip.
Misael S. Silva, Jornalismo, Anhembi Morumbi.

Compareçam, todos estão convidados!
 
Eduardo R. Santos ed.cole@ig.com.br
 
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domingo, 15 de novembro de 2009

15 de Novembro - Proclamação da República



Brasão das Armas


.....A Proclamação da República Brasileira foi um episódio, na História do Brasil, que instaurou o regime republicano no país, derrubando a Monarquia do Brasil e o Imperador D. Pedro II do Brasil. Ocorreu dia 15 de novembro de 1889 no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, na Praça da Aclamação, hoje Praça da República, quando um grupo de militares do Exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado sem o uso de violência, depondo o Imperador do Brasil:D.Pedro II.

.....Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um "Governo Provisório" republicano. Faziam parte deste "Governo Provisório", organizado na noite de 15 de novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca como presidente, Floriano Peixoto como vice presidente, e, como ministros, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.

A situação política do Brasil em 1889

.....O governo imperial, através de seu último Gabinete, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, , percebendo a difícil situação política em que se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada tentativa de salvar o Império, à Câmara dos Deputados, um programa de reformas políticas, do qual constavam, entre outras, as medidas seguintes: maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado, mandatos limitados (não-vitalícios) no Senado. No Império, o Senado era vitalício. As propostas de Ouro Preto visavam a preservar a Monarquia, mas foram vetadas pela maioria conservadora que constituía a Câmara dos Deputados. As reformas do Gabinete Ouro Preto chegaram tarde demais. No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.

A perda de prestígio da monarquia brasileira

.....Muitos foram os fatores que levaram o Império a perder o apoio de suas bases econômicas, militares e sociais. Da parte dos grupos conservadores: sérios atritos com a Igreja Católica (na "Questão Religiosa"); o abandono do apoio político dos grandes fazendeiros em virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem a indenização dos proprietários de escravos. Da parte dos grupos progressistas, havia a crítica que a monarquia mantivera, até muito tarde, a escravidão negra no país; a ausência de iniciativas com vistas ao desenvolvimento do país, fosse econômico, político ou social); a manutenção de um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com base na renda anual das pessoas; a ausência de um sistema de ensino universal; os altos índices de analfabetismo e miséria; o afastamento do Brasil em relação a todos demais países do continente americano, fossem da América do Sul, fossem da América do Norte), em virtude da incompatibilidade entre os regimes republicanos e os monárquicos.

.....Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial decaía, a proposta republicana - percebida como significando o progresso social - ganhava espaço. Entretanto, é importante notar que a legitimidade do Imperador era distinta da do regime imperial: Enquanto, por um lado, a população, de modo geral, respeitava e gostava de D. Pedro II, por outro lado tinha cada vez em menor conta o próprio Império. Nesse sentido, era voz corrente, na época, que não haveria um "III Reinado", ou seja, a monarquia não continuaria a existir após o falecimento de D. Pedro II, seja devido à falta de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, o francês conde D'Eu).

.....Embora a frase do líder republicano paulista Aristides Lobo "O povo assistiu bestializado" à proclamação da república, tenha entrado para a História do Brasil, pesquisas históricas, mais recentes, têm dado outra versão à aceitação da república entre o povo brasileiro: É o caso da tese de Maria Tereza Chavez de Mello (A república consentida, Editora da FGV, 2007), que indica que a república, antes e depois do 15 de Novembro, era vista popularmente como um regime político que traria o desenvolvimento, em sentido amplo, para o país.

A questão abolicionista

.....A questão abolicionista impunha-se desde a abolição do tráfico negreiro em 1850, encontrando viva resistência entre as elites agrárias tradicionais do país. Diante das medidas adotadas pelo Império para a gradual extinção do regime escravista, essas elites reivindicavam do Estado indenizações proporcionais ao número de escravos alforriados.

.....Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar de indenizar esses grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último pilar de sustentação. Chamados de "republicanos de última hora", os ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana.

.....De qualquer forma, o império mostrou-se bastante lento na solução da chamada "Questão Servil", o que, sem dúvida, minou sua legitimidade ao longo dos anos. Mesmo a adesão dos ex-proprietários de escravos, que não foram indenizados, à causa republicana, evidencia o quanto o regime imperial estava atrelado à escravatura.

.....Assim, logo após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea, João Maurício Wanderley, Barão de Cotejipe, o único senador do império que votou contra o projeto de abolição da escravatura, profetizou:

"A senhora acabou de redimir uma raça e perder o trono"!
— Barão de Cotegipe

O Golpe Militar de 15 de novembro de 1889
 

.....No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram com o marechal Deodoro da Fonseca, para que ele chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela república. Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro concordou em liderar o movimento.

.....O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspiradores divulgaram o boato de que o governo havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. Notícia que posteriormente se revelou falsa. Por isso, na madrugada do dia 15 de novembro, Deodoro iniciou o movimento que pôs fim ao regime imperial.

.....Os conspiradores dirigiram-se à residência do marechal Deodoro, que estava doente com dispnéia, e convencem-no a liderar o movimento.

.....Com esse pretexto, ao amanhecer do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de Santana e, do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado (atual Palácio Duque de Caxias) a se rebelarem contra o governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou "Viva a República!". Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de tropas pela Rua Direita (atual 1º de Março) até o Paço Imperial.

.....Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Ministério e prenderam seu presidente, Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto. Na tarde do mesmo dia 15, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solenemente proclamada a República. D. Pedro II, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio. Pensando que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Ministério, o Imperador D. Pedro II tentou ainda organizar outro, sob a presidência do conselheiro José Antônio Saraiva. No dia seguinte, o major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro entregou a D. Pedro II uma comunicação, cientificando-o da proclamação do novo regime e solicitando sua partida para a Europa, a fim de evitar conturbações políticas.

.....Consta que Deodoro não dirigiu crítica ao Imperador D. Pedro II e que vacilava em suas palavras. Relatos dizem que foi uma estratégia para evitar um derramamento de sangue.

.....Sabia-se que Deodoro da Fonseca estava com o tenente-coronel Benjamin Constant ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos civis naquele momento.

.....No Paço, o presidente do gabinete (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, pediu ao comandante do destacamento local, Floriano Peixoto, que prendesse os amotinados. Floriano recusou-se e, manifestando sua adesão ao movimento republicano, deu voz de prisão ao chefe de governo, que era o presidente do Conselho de Ministros Visconde de Ouro Preto.

.....O Imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer para a Corte. Ao saber do golpe, reconheceu a queda do Gabinete e procurou anunciar um novo nome para substituir Ouro Preto. No entanto, como nada fora dito sobre República até então, os republicanos mais exaltados, tendo Benjamin Constant à frente, espalharam o boato de que o Imperador escolheria Gaspar Silveira Martins, inimigo político de Deodoro desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de governo. Com este engodo, Deodoro foi convencido a aderir à causa republicana. O Imperador foi informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.

.....À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o Rio de Janeiro, José do Patrocínio redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa e só no dia seguinte (16 de novembro) anunciou-se ao povo a mudança do regime.

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domingo, 8 de novembro de 2009

Para historiador alemão, 'muro psicológico' ainda divide população



Início do colapso do Bloco Comunista

.....Os 20 anos que se passaram desde a queda do Muro de Berlim não foram suficientes para encerrar as divisões econômicas e culturais da Alemanha. Essa é a opinião do historiador alemão Hermann Grampp, que nota a crescente equiparação dos indicadores sociais, mas considera que os 28 anos de separação ainda são "uma questão delicada" para a população do país. "Existe uma divisão mental, 'o Muro dentro da cabeça'", afirma, em entrevista ao Último Segundo.


.....Grampp, 32 anos, é mestre em Estudos Históricos pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e também estudou história medieval, ciência política e economia na Universidade Livre de Berlim, onde vive desde 1997.
.....Nascido em Bayreuth, no norte da Baviera, Grampp é considerado um especialista na capital alemã: além de aulas e palestras, ele também se dedica a liderar excursões temáticas sobre Berlim, algumas dedicadas inteiramente à história da barreira que separava a cidade.
.....Nessa entrevista, que faz parte do especial do Último Segundo sobre os 20 anos da queda do Muro de Berlim, Grampp analisa os principais acontecimentos que levaram ao fim da divisão da Alemanha e discute o contínuo impacto deste fato histórico no cotidiano da população.


Hermann Grampp é historiador


Quais acontecimentos foram determinantes para a queda do Muro?


Hermann Grampp – A queda do Muro não foi um evento isolado e deve ser observado no contexto da evolução política dos países do Leste Europeu. A lista de acontecimentos anteriores considerados importantes pode variar. Alguns incluem a Primavera de Praga (movimento que buscou reformar e "humanizar" o Partido Comunista da Tchecoslováquia), em 1968, e muitos lembram o crescimento da resistência católica contra o regime comunista na Polônia, especialmente após 1978, quando foi eleito o papa João Paulo 2º, de quem os poloneses tinham muito orgulho e que ajudou a fortalecer a crença católica durante a década de 1980. E é claro que a eleição de Mikhail Gorbachev para secretário-geral do Partido Comunista, em 1985, foi um fator decisivo nos chamados "ventos de mudança" que atingiram o bloco leste.

Por que a atuação de Gorbachev foi crucial?


H.G. – Basicamente, Gorbachev percebeu como ninguém até que ponto o sistema e a economia da União Soviética estavam completamente desgastados e não poderiam ser salvos sem reformas decisivas por meio de abertura (a Glasnost) e mudança (a Perestroika). Todos esses fatores são decisivos para se entender a queda do Muro de Berlim.


Soldados colocam pedaços de vidro no Muro de Berlim, durante sua construção, para dificultar passagem.


Dentro da Alemanha Oriental, quais foram os eventos decisivos?

H.G. – Os movimentos de resistência cresceram em 1989, estimulados pelos "ventos de mudanças" e motivados pelo crescente colapso do sistema político e econômico da Alemanha Oriental. Em janeiro, as manifestações nas ruas eram tímidas. Em maio, houve grandes protestos contra a manipulação das eleições locais por parte dos comunistas. De julho em diante, as pessoas começaram a deixar a Alemanha Oriental pela Hungria e pela Tchecoslováquia, enquanto, ao mesmo tempo, grandes manifestações contra os comunistas ganhavam importância e colocavam cada vez mais pressão sobre o regime. Esses dois fatores – muita gente deixando o território e milhares de manifestantes nas ruas no fim de outubro – levaram aos eventos de 9 de novembro, quando o Muro finalmente caiu.

Qual foi a reação do governo da República Democrática Alemã (RDA, como se chamava o lado oriental do país) diante dessa crise?


H.G. - Os governantes estavam bastante indefesos. Eles sabiam que precisavam modernizar a legislação sobre viagens para evitar tanto uma implosão, devido à saída de tantas pessoas, quanto uma explosão, devido ao grande número de cidadãos protestando. Até então, quase ninguém podia "passar pelo Muro" e chegar à Alemanha Ocidental, nem mesmo por outros Estados. Isso só valia para aposentados que fossem visitar seus parentes. Então, o governo decidiu facilitar o acesso ao Oeste e, na tarde de 9 de novembro, o porta-voz da RDA leu o rascunho de uma nova lei sobre isso, que ainda não tinha sido publicada. Como resultado, milhares de pessoas fossem até a fronteira, nos chamados pontos de controle. A pressão foi tão grande que, às 23h30, um dos pontos de controle teve de ser aberto. O Muro tinha caído.

Qual a importância deste momento histórico?


H.G. – No contexto da Alemanha Oriental, a queda do Muro foi uma resposta para dois problemas: evasão e manifestações massivas. Em um contexto mais amplo, foi o grande auge, o clímax de um processo que significou, primeiro, o colapso de todo o bloco comunista e, consequentemente, o fim da Guerra Fria. A queda do Muro de Berlim e a imagem icônica de milhares de pessoas festejando no Portão de Brandenburgo são, em nível internacional, o símbolo do fim do grande confronto entre União Soviética e Estados Unidos. Para a Alemanha, marcou o ponto final de 28 anos de separação, agonia e mortes ao longo do Muro, quando as pessoas tentaram escapar do leste para o oeste. Depois, outros processos se seguiram: a rápida corrida da Alemanha em busca da reunificação, em 1990, o colapso da União Soviética, em 1991, e a criação de democracias em quase todos os Estados do Leste Europeu. Hoje, muitos deles estão firmemente ancorados tanto na União Europeia quando no mundo ocidental.

Os dois lados da Alemanha já conseguiram se equiparar totalmente?

H.G. – Vinte anos depois, a divisão entre o lado ocidental e oriental é muito maior do que qualquer pessoa poderia prever em 1989 ou 1990. Isso está relacionado ao total colapso da economia da RDA, a um nível que ninguém, nem mesmo os oficiais do governo, tinha compreendido de verdade. Em 1990, dizia-se que em cerca de quatro ou cinco anos a Alemanha Oriental seria um lugar próspero. Ocorreu o contrário: salários e índices de desemprego continuaram sendo e ainda são muito mais baixos do que os da parte ocidental do país. Por outro lado, hoje a situação é muito melhor do que algumas pessoas pensam. Em geral o pessimismo prevalece, mas um relatório do Instituto de Economia mostrou que o Produto Interno Bruto da Alemanha Oriental equivale, atualmente, a 70% do PIB da Alemanha Ocidental. Esse número pode parecer baixo, mas considerando o colapso do lado comunista em 1989, em condições econômicas normais essa taxa só poderia ser alcançada em 2028. Na verdade, a economia da Alemanha Oriental cresceu duas vezes mais rápido que a de outros países, principalmente devido à assistência financeira do lado ocidental, que continuará sendo dada até 2019. Mas é verdade que grandes regiões da antiga parte comunista, especialmente no Nordeste do país, estão muito fracas economicamente. Os índices de desemprego ultrapassam 20% e muitos jovens deixam esses locais, o que, no futuro, deve levar essas regiões a uma estagnação econômica.


Em 11 de novembro de 1989, centenas de pessoas cruzam a fronteira.




Essas diferenças que persistem interferem na relação entre os cidadãos?


H.G. – Pessoalmente, acredito que ainda é possível dizer quem nasceu na parte oriental e quem veio do lado ocidental. Principalmente em Berlim, onde isso se nota no sotaque: o dialeto berlinense foi muito mais preservado na antiga parte comunista. No geral, porém, eu diria que os alemães orientais e ocidentais se dão bem, embora ainda exista uma divisão mental, ou, como nós chamamos na Alemanha, "o Muro dentro da cabeça". Os alemães ocidentais eram criticados porque agiam de forma muito arrogante na década de 1990, quando a economia da Alemanha Oriental estava sendo reconstruída. Eles tinham fama de ser convencidos, exibidos e presunçosos. Por outro lado, os alemães orientais são vistos como mais tímidos, pessoas que tendem a reclamar mais do que agir. Eles ainda acreditam muito na importância da comunidade, enquanto os alemães da parte capitalista representam o individualismo do ocidente.



Esse tipo de ressentimento também existe entre os jovens?

H.G. – Esperava-se que esses estereótipos – que têm algum fundo de verdade, é claro – fossem desaparecer dez ou 15 anos depois da reunificação. Mas o que é interessante, e também compreensível, é que esses pontos de vista estão sendo passados para as gerações mais novas. Muitos jovens alemães acreditam que nem tudo era ruim na RDA, que no tempo do comunismo havia um melhor sistema de assistência social, as pessoas tinham empregos etc. Seus pais lhe dizem isso, mesmo que seja uma nostalgia sem sentido - ou "ostalgia", como nós falamos, em referência à palavra alemã para leste, "Ost". Por isso, essa divisão invisível em suas cabeças ainda existe e acredito que pode não desaparecer nas próximas três ou quatro gerações.

Então a queda do Muro ainda é uma questão importante para os alemães?

H.G. – É uma questão muito delicada para os alemães. As celebrações dos vinte anos da queda do Muro vêm acontecendo durante todo o ano, com muitas exposições, debates e publicações. Participei de muitos desses eventos e pude testemunhar as discussões acaloradas e apaixonadas sobre, por exemplo, o número exato de pessoas que foram mortas tentando atravessar o Muro. Também pude notar que a imprensa está publicando entrevistas, retransmitindo programas exibidos em 1989 etc. A RDA e a queda do Muro não são de uma época tão distante, mas observo o crescimento do interesse sobre o assunto, que está relacionado à necessidade de alguns anos se passarem até que você possa confrontar o seu passado. Cidadãos observados pela Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, só estão lendo os arquivos compilados sobre elas agora, vinte anos depois da queda do Muro, sendo que eles estão abertos a todos os alemães desde 1991. Agora, em ano de comemoração, dobrou o número de pessoas que pediram acesso a esses documentos. Elas tinham medo de ler coisas desagradáveis sobre seus vizinhos, amigos ou parentes, que poderiam ter sido espiões. Esse é um fenômeno histórico típico: sempre leva algum tempo até que as pessoas possam confrontar um passado desagradável. Por isso muitas questões importantes da era nazista só foram tornadas públicas na década de 1990, cinquenta anos depois da Segunda Guerra Mundial.

Esse interesse sobre o passado também se reflete entre os jovens?

H.G. – Entre os alemães ocidentais, o grau de conhecimento sobre o lado leste é assustadoramente baixo. Estudos recentes mostraram que muitos jovens com menos de 20 anos não sabem nem o que foi a RDA, quem foram seus principais políticos, como Walter Ulbricht ou Erich Honecker, e não estão cientes o bastante sobre qual era a situação da Alemanha quando um Muro a dividia em dois Estados. Isso está relacionado aos programas curriculares de muitas escolas da Alemanha Ocidental, cujo conteúdo termina na Segunda Guerra. Por isso, muito trabalho precisa ser feito. Se os jovens da Alemanha oriental têm uma imagem errada e cor-de-rosa do passado da RDA e os da Alemanha Ocidental não conseguem contra-argumentar por falta de conhecimento, temos uma mistura perigosa para o futuro da memória coletiva. Mas eu estou otimista.

Fonte: Último Segundo

Clique na imagem e veja gráfico informativo sobre a história do Muro e o que motivou sua construção:

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